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23-08-2024Custa-me admitir que muitos dos nossos cristãos acreditem mesmo na Eucaristia, porque pelo seu comportamento não encontro uma atitude lógica com o que possivelmente digam.
Antes de tudo, começo por afirmar que a nossa atitude para com a Eucaristia exprime o estado e o nível da nossa fé, como o tipo de atitude perante o possível encontro entre duas pessoas que se amam e a forma como este encontro acontece exprime o tipo de amor que as une.
Ninguém esqueça que pode amar-se e por outros sinais exprimir e fortalecer esta mesma união sem que ambos se encontrem. Também é certo e sabido que, se tal não acontece, a relação entre ambos esmorece e morre.
Se acreditamos que a Eucaristia é o meio que Jesus ressuscitado nos oferece para gozarmos da sua presença, inclusive para deixarmos que Ele alimente e fortaleça a nossa comunhão e a comunhão com os irmãos, como entender que a maior parte dos cristãos não sinta a necessidade da Eucaristia? É assim que se comportam os amigos, os que se amam?
Como compreender que tantos cristãos façam da Eucaristia um simples rito desligado da vida? Eu vejo pessoas que não põem os pés na Igreja durante meses e anos, mas chegando o dia de um funeral ou de uma festa e o momento da comunhão, logo se dirigem para o altar, com a maior naturalidade e tranquilidade de consciência… isto só se compreende admitindo que a Eucaristia, do principio ao fim, não passa de um simples rito, de uma mera cerimónia e que o comungar é mais um gesto que faz parte integrante do cerimonial.
Admitindo um repetido convite para um banquete, a que sistematicamente se responde com a indiferença e o abandono, é de supor que chegado o dia da desejada e esperada presença, alguém se sente à mesa, sem mais, com um total à vontade? Também quem participa num banquete poderá comportar-se de modo que, futuramente, parece negá-lo ou esquecê-lo?
Para desempenhar qualquer ofício, para pertencer a certa organização, requerem-se determinadas condições, nomeadamente, idade, títulos académicos, experiência, etc. A condição que Jesus nos apresenta para permanecermos nEle e termos a vida eterna é comer a sua carne e beber o seu sangue.
O comer é um gesto determinante, de tal forma que quem não o faz morre de fome depois de um enfraquecimento progressivo. Ora, a vida de Deus não é automática. Também precisa do respectivo alimento. Não comer é resignar-se a morrer. Comer com pouca frequência, ou de maneira inadequada é condenar-se à desnutrição, a restar sem forças para as dificuldades morais da vida e para assumir compromissos.
Mais ainda, se entre os humanos, que mutuamente se dão um ao outro, cada um tem o direito de ser respeitado pelo tempo, pela atenção, pelos cuidados do outro, Jesus, que dizemos ser nosso Senhor, o que dá sentido à nossa vida tem direito ao nosso tempo para ser louvado, adorado e para vivermos dEle. Quem neste mundo não tem interesse em viver dEle como é que no outro viverá para Ele? Como se vê, a Eucaristia é sinal demonstrativo do amor que entrelaça Deus e o homem.