
Domingo de Páscoa – Feliz Páscoa
19-04-2025O acontecimento que hoje celebramos – a ressurreição de Jesus – para além de
ser o mais revolucionário da história, é o fundamento e o motivo de sermos homens
e mulheres crentes. De facto, não acreditamos num homem que morreu, que foi
vencido, mas que depois de ter sido morto aparece vivo, vencendo a morte e os
poderes da morte. É por causa desta vitória que acreditamos nEle. E é também à
luz deste acontecimento que entendemos o que anteriormente Ele disse e fez.
Mas ao pensar na ressurreição, muitos continuarão a imaginá-la como consistindo
na reanimação do cadáver, à semelhança do que aconteceu, por exemplo, com o
filho da viúva de Naim. Ora, pela leitura dos Evangelhos, pelo testemunho dos
apóstolos, poderemos dizer que de modo algum foi isso que aconteceu com Jesus.
A sua ressurreição terá consistido no assumir de uma vida jamais sujeita à lei da
morte, que dá à condição humana um salto de qualidade, para nós verdadeiramente
inimaginável.
Ao ressuscitar, Jesus tornou possível uma nova forma de ser homem e que, por
isso, interessa a todos nós, quer para o presente quer para o futuro.
Neste sentido, devemos lembrar-nos do que diz S. Paulo: “Se não ressuscitamos,
também Ele não ressuscitou. Se Cristo ressuscitou, nós também ressuscitaremos
com Ele”, porque o que com Ele aconteceu foi uma verdadeira “mutação da raça
humana”, que, de futuro atingiu e vai atingir todos os homens.
Ressuscitando, Jesus não voltou à vida normal deste mundo como assim
aconteceu a Lázaro e ao filho da viúva de Naim, mas saiu do túmulo para uma vida
completamente nova, diferente do que possamos imaginar. Como é, não sei. Só
verifico que, para os apóstolos, foi um fenómeno verdadeiramente inesperado e que
eles tiveram a necessidade de tempo para “digerirem o facto”, para se orientarem e
O reconhecerem a partir de outros sinais.
No tempo de Jesus havia um certo número de judeus a acreditarem que no fim dos
tempos, e só no fim da história, aconteceria a ressurreição. Por tanto, segundo eles,
quando o mundo acabasse e se estabelecesse um mundo novo, também haveria
uma nova forma de vida para o homem. A ressurreição ocorreria nessa altura. Era
compreensível. Mas o que aconteceu com Jesus foi uma nova forma de vida,
mantendo-se o mundo velho, que também foi o seu.
Esta foi a razão pela qual os discípulos tiveram muita dificuldade em reconhecê-lO,
uma vez ressuscitado, como também para eles foi difícil que Jesus, depois de ter
feito coisas tão grandiosas se deixasse entregar às mãos dos seus inimigos.
A conclusão a que tiveram de chegar foi esta: – Jesus não era um cadáver
reanimado, mas alguém que, pelo poder de Deus, vivia de modo novo e para
sempre. Era o mesmo Jesus, mas diferente.
Será possível admitir isto, face ao nosso raciocínio, e às exigências da ciência?
Nada nem ninguém poderá impedir que tal tenha existido ou que possa vir a
acontecer. Por isso, podemos e devemos estar abertos a esta nova realidade. E se
a ciência está na busca da novidade, deve estar aberta a uma nova forma de vida
humana, que hoje desconhecemos. Por último, Deus pode dar à vida humana uma
outra dimensão, uma outra qualidade, que hoje nos escapa.
É isso o que nós esperamos e a ressurreição de Jesus nos promete: a superação
da morte, o ultrapassar dos nossos limites, a transformação do finito no infinito.