
Solenidade de Pentecostes
09-06-2025
Vitae Informação Edição Nº 163
09-06-2025Infelizmente, uma grande percentagem dos cristãos não liga nada à ressurreição de Jesus. Um dos sinais disso é vermos como passam o tempo no dia de Páscoa e como reagem ao convite para em cada domingo celebrarmos a Páscoa, a ressurreição de Jesus.
Costumo dizer que se Jesus não tivesse ressuscitado, mais, se Ele não existisse, continuaríamos a encontrar pessoas a manter os mesmos ritos, as mesmas tradições. Se isto é verdade relativamente à pessoa de Jesus ressuscitado, que é o fundamento e o conteúdo da nossa condição de crentes, ainda é mais abissal, mais vincado o divórcio, o alheamento que os cristãos manifestam face à pessoa e à importância que o Espírito Santo tem na Igreja.
Como os habitantes da Samaria, no tempo de S. Pedro, o Espírito Santo continua a ser o grande desconhecido. Pergunta-se: – se Ele é a alma da Igreja, se é Ele quem dá à Igreja a vida, a novidade de Cristo ressuscitado, se é Ele que inculca no nosso coração, no rosto da nossa vida as marcas, os traços de Jesus ressuscitado, que se pode imaginar da vida de um cristão que o ignora e despreza a sua acção?
Sem o Espírito Santo que seria a Igreja? Admitindo que ela pudesse existir (mas não seria possível) não passaria de uma empresa. Indiferente aos apelos, às moções do Espírito Santo, é esta a imagem que muitos cristãos dão da Igreja: – uma simples organização burocrática onde esperam encontrar o funcionário e até o moço de recados, que as avie sem criar problemas, uma empresa que se disponha a sustentar tradições de que a sociedade precisa para tranquilizar o seu íntimo e de tal modo que, quanto mais lágrimas e emoções provocar, mais recomendável se torna.
É preciso voltar a dizer que o Espírito Santo é a alma, o princípio vital da Igreja, o fogo que anima, que conforta o coração dos crentes, a água fresca que os purifica e sacia no desejo de encontrar a verdade, que lhes permite aprofundar e saborear a novidade do Evangelho.
O Espírito Santo é o vento que não nos permite cristalizar no tempo, parar, adaptarmo-nos à situação, transformarmo-nos em museu, mas descobrir progressivamente a Jesus e o seu mistério.
O Espírito Santo é a unção interior que consola, que cura as feridas interiores e que, como o óleo, nos vai penetrando da sabedoria de Deus e do seu perfume.
Pela sua acção, o Espírito Santo faz-nos ter vergonha do nosso medo, do remorso da nossa coragem escondida, colocando-nos perante a ousadia do recomeço e convidando-nos a rever as rugas da nossa face.
Como no Vat. II, também hoje Ele nos convida a procurar uma nova imagem da Igreja, não como os políticos, que se contentam com um novo discurso ou uma nova pose fotográfica, mas a retirar do Evangelho o que de novo Ele tem para cada tempo.