
Festa da Dedicação da Basílica de São João de Latrão
09-11-2025Ao construírem as suas vivendas, os homens primitivos reservavam um edifício para morada da divindade e lugar de encontro para os fiéis. Nas diversas religiões, este edifício recebe o nome de pagode, sinagoga, mesquita, templo, igreja…
Desde há muito, templo designa um lugar sagrado, já que nele se torna presente a divindade. O templo é o monumento ou o santuário, edifício visível e destacado, porque construção relevante. Como santuário, destinado ao culto, é um lugar de recolhimento, silêncio e oração. Nele se costumam guardar os textos, os objectos sagrados e nele se reúne a comunidade crente para comunicar com a divindade, mediante palavras e gritos.
No princípio da história, normalmente, encontramos os templos pagãos, que eram muito pequenos e escuros. Pequenos porque apenas reservados à divindade e à entrada do sacerdote. Escuros, para insinuar o carácter misterioso e insondável da divindade.
A palavra igreja, de uma forma geral, é entendida como edifício feito de muros, de betão ou de pedra. Mas esse edifício não tem qualquer significado se nele não acontece Igreja, isto é, comunidade, assembleia de crentes. A palavra igreja deriva do grego ou do latim e evoca duas realidades ou atitudes: – a primeira é de alguém que chama, que convoca. A segunda é a de um grupo de pessoas que, por isso, se reúnem. É à assembleia convocada, reunida e unida por quem a convoca que devemos chamar a Igreja. Isto quer dizer que, muitas vezes, somos capazes de ter igrejas, mas que estão vazias até de nome, porque nelas não acontece Igreja – comunhão e unidade dos crentes em Cristo. É para isto que existem as igrejas: – para que as pessoas façam uma experiência de Igreja, sejam Igreja, porque ninguém pode descobrir e viver a sua relação com Ele, a não ser como parte integrante de uma comunidade e vivendo em comunhão com aquele que a ela preside em nome de Cristo.
Estamos habituados a encontrar as nossas igrejas cheias, com mais ou menos pessoas, mas que entretanto, e apesar de estarem juntas, se mantêm no anonimato, mais ou menos separadas umas das outras, como se fossem verdadeiras ilhotas, sem pontes que as unam. Muita gente vem às nossas igrejas para satisfazer uma necessidade religiosa, para uma relação meramente individual e intimista com Deus, sem sentir a necessidade de estabelecer e fortalecer uma relação social, comunitária. Por isso é que, por exemplo, muitos dizem: “Para rezar não preciso de ir à missa, para ir à missa não preciso de ir à igreja da paróquia”. As duas afirmações são verdadeiras. Mas também é verdade que assim como para viver e celebrar os grandes acontecimentos da vida não o fazemos na casa dos vizinhos, mas na casa da nossa família, assim também os crentes em Cristo devem reunir-se na igreja da sua paróquia – célula fundamental da Igreja, reconhecendo-a e constituindo-a como símbolo e espaço da comunhão e da unidade que os deverá caracterizar, enquanto crêem no mesmo e único Senhor.
Infelizmente, a muitos dos nossos cristãos falta esta noção e esta experiência. Por isso, se a palavra Igreja designa edifício ou comunidade, com a tua vida, que nome lhe dás?




