Domingo de Páscoa
30-03-2024Mensagem de Páscoa
31-03-2024“Diz-me papá: quando se morre é para a vida?”
Por detrás desta questão, que uma criança apresentou ao seu pai, compreendemos o que ela queria saber. Concretamente – se quando se morre é para sempre.
À primeira vista, o problema daquele menino enuncia uma contradição: – que ao mesmo tempo não se pode estar morto e estar vivo.
Desde sempre, esta questão absorve o coração do homem. A vida é um relacionar-se com os outros. Ora, é isto o que a morte nos arrebata. Ela cria o vazio. Tentando preencher este vazio, os homens imaginaram outros mundos, após uma longa viagem. Inventaram teorias, como a da reencarnação. Por sua vez, os judeus ou parte deles começaram a dizer que depois da morte há a ressurreição. Mas ao falarem da ressurreição, pensavam, como aliás muitos hoje, que isso seria para o fim dos tempos e consistiria no retomar da vida anterior, ou seja, um voltai atrás para uma vida, agora, sem o peso e a amargura do mal.
Todas estas e outras interpretações correspondiam a tentativas para ultrapassar o medo da morte e da sua destruição. Mas nunca ninguém imaginou que numa manhã, num jardim de Jerusalém, um morto, depois de ter sido crucificado e sepultado num túmulo de pedra, surgisse vivo, sem qualquer margem de dúvida, pedindo a quem o via que o tocasse para ver que tinha corpo, que não era um fantasma.
Vencendo a morte, este homem entrou num mundo novo, de que não temos qualquer experiência, que não sabemos o que seja, mas que é mais real e definitivo que o nosso. Por ele, constata-se que a morte não é mais o início de uma longa viagem nem um voltar atrás, mas o abrir de uma porta para uma vida que nem sequer podemos imaginar, muito embora esteja ligada à vida de hoje, porque a vida é uma continuidade de instantes.
Jesus de Nazaré foi o primeiro a perguntar a seu Pai “Diz-me, Papá, quando se morre é para a vida?” e o Pai respondeu-lhe: “Sim, meu Filho, Tu morreste para entrar na minha vida, no amor que é eterno. Eu vou fazer de Ti o Primogénito entre os mortos”.
De facto, aquela criança tinha razão em fazer aquele tipo de pergunta. Só lhe faltou uma coisa: – substituir o ponto de interrogação por um outro de afirmação e exclamação: – “Quando se morre é para a vida!…”
2 Comments
E nesta fé e no que nos é transmitido desde o tempo de Jesus Cristo na terra, que vivo na esperança de morrermos para a VIDA! juntos do PAI. Deus pai que nos criou algum sentido e propósito tem para todos nós.
Gratidão
Gostei imenso desta reflexão. Até estou mais tranquila