
II – Domingo do Advento
06-12-2025
Solenidade da Imaculada Conceição da Virgem Santa Maria
07-12-2025Pode não ter fundamento, mas por aquilo que eu tenho visto, ao longo de décadas seguidas, os tempos mais favoráveis que conheço na nossa sociedade, são os que antecedem o momento das eleições. As tipografias enchem-se de trabalhos gráficos com panfletos e cartazes, os altifalantes são todos requisitados, os políticos saltam todos para a praça pública, recomendando-se cada um deles como o melhor. E as melhorias veem-se, nomeadamente, as ruas ficam com tapetes renovados, deixamos de ter tantos buracos, limpam-se as bermas, multiplicam-se as inaugurações, etc. Assim, teremos um dia de alegria, de abundância para quatro anos de esquecimento e sofrimento.
Quem dera que não fosse verdade, mas até os políticos o dizem: “Vêm aí as eleições”. Quem dera que fossem todos os anos. A coisa mudava mesmo…
Todos os anos encontramos uma boa notícia: – a de que Deus quer fazer do homem a sua morada. Esta é uma verdade para todos os dias, para cada instante da nossa vida, muito embora nos lembremos mais intensamente desta verdade por altura da Festa do Natal, pela qual celebramos a proximidade, a comunhão de Deus com o homem e dos homens entre si.
Para que tal se concretize, todos os anos, os cristãos são convidados a renovar o seu esforço na preparação dos caminhos do Senhor, dados os buracos que encontramos nelas, dada a necessidade de renovar o tapete com que as cobrimos todos os dias, através das nossas palavras, gestos e intenções, dada a necessidade de limpar as coisas inúteis e lamentáveis, que fomos pondo para as bermas da nossa consciência, avivando a sinalização, mais ou menos desgastada que costuma marcar os nossos passos, para nos respeitarmos e respeitarmos a dignidade dos outros, sem que se possa esquecer o imperativo de fazermos coisas novas, que mostrem a pujança, a riqueza interior que existe no íntimo de cada homem. A isto chamaremos conversão.
São estes os preparativos para a Festa do Natal, sem nos incomodarmos tanto com as bugigangas (agora chinesices) que enchem as prateleiras dos supermercados, fazendo do Natal uma festa de consumo, semelhante ao dia dos namorados ou à do Halloween…
Abramos os caminhos do Senhor. Abramos o nosso coração. Limpemo-lo do que é obscuro, do egoísmo, da preguiça, do comodismo, da vingança, da mentira, do olhar vesgo que mata o que de melhor há em nós e talvez nos outros.
Importa que o Senhor encontre em nós um olhar límpido, transparente, arranjado. O Senhor quer vir à nossa casa. Preparemos-Lhe uma boa estada. A sua presença iluminará o nosso interior. A sua luz será mais forte, mais atraente e mais persistente do que a da árvore de natal que encontramos em muitas das nossas praças para animar a malta que anda triste (e se o bolso permitir), carregada.
É o que temos a fazer e podemos fazê-lo. Não custa dinheiro. Não obriga a contenção de despesas por uns anos, e a vida das pessoas, a começar pelas da nossa família, sentirá bem os efeitos positivos desta transformação que vai ficar mais tempo, a dar mais alegria às ruas das cidades, que as músicas e os enfeites que irão ser retirados, devido ao seu desgaste. Pode também dizer-se: – Ainda bem que todos os anos há Natal!



