
IV – Domingo do Advento
21-12-2025
Oração para a Bênção da Mesa – Natal 2025
21-12-2025Sabeis como são importantes os sinais e atender a eles.
Se o maquinista do comboio não respeita os sinais que encontra na linha, pode acontecer uma verdadeira catástrofe. Se quem numa torre de controlo aéreo, a orientar o tráfego dos aviões, não presta atenção à “formiga” que lhe aparece no écran, pode causar uma mortandade de muitas centenas de pessoas.
Se não respeitamos o sinal vermelho de semáforo, já se pode imaginar…
Em si, as cores das luzes ou o bailado do radar são mesmo insignificantes. A sua importância advém-lhes de serem um Sinal. Um sinal é uma realidade que aponta para outra.
A importância do sinal não resulta da matéria de que é feito, mas da importância da realidade, para que chama a nossa atenção.
A Bíblia, que é a história da comunhão do homem com Deus, está cheia de sinais, uns explícitos, directos, frontais, outros exigindo a sensibilidade interior do homem para captar a mensagem e o seu alcance. Normalmente, é o que acontece.
Jesus, inclusive, chamou a nossa atenção para os sinais dos tempos, isto é, para atendermos aos acontecimentos que nos permitirão ver a presença de Deus na história e a mensagem que Ele nos quer transmitir. O evangelho de hoje lembra-nos que Deus é “Emanuel”, isto é o Deus connosco que faz sua a nossa história, que vive entre nós.
Desprezar ou retardar a leitura dos sinais pode significar não só infidelidade ao tempo que se vive, dentro ou fora da Igreja, mas também a incapacidade para no nosso tempo darmos a resposta que os acontecimentos exigem. Também pode significar colocarmo-nos fora do tempo, dando aos problemas do presente uma resposta que era para o passado.
O segredo dos profetas, que não eram uma espécie de adivinhos, mas homens com uma grande sensibilidade para as coisas de Deus, mercê da sua profunda relação com Ele, era o estarem atentos aos sinais, interpelando o povo nas suas infidelidades, desvios da aliança, vendo um recuo no que os homens consideravam avanço, chamando à esperança, mostrando a presença e o amor de Deus onde os seus ouvintes só encontravam desgraça, castigo ou abandono por parte de Deus. Não eram pessoas de olhar fixo no passado, cristalizadas no tempo, mas dirigindo para o presente o que de novo ele necessitava.
Veio-me isto ao espírito pelo facto de esta semana, já tão perto do Natal, começamos a novena do Menino Jesus. Vejo-me a sair de casa, por volta das 06-06.30hs da manhã, a chover, tantas vezes, no escuro, metendo o calçado numa poça do caminho, outras, suportando o frio. Dirigia-me à igreja onde pequeninas luzes de algumas velas acesas me indicavam o lugar onde, como ajudante da missa, o meu abade já estava à minha espera, para juntos rezarmos e cantarmos ao Divino Infante. Que encanto! Que doçura! Que alegria!…Se eu tivesse tempo, e vós “pachorra” para lerdes o que muito tinha para contar, para mim seria profundamente gratificante.
Mas, que significa isto para hoje? Quem dos mais novos poderá imaginar aquele mundo? E será que os tempos de ontem eram melhores que os de hoje? Com o tempo, vou-me habituando a resistir à tentação de pensar e de dizer que o ontem é que era bom. Uma coisa é certa, a dificuldade em encontrar sinais de Deus, mostra-me que, hoje, os sinais são outros e que, hoje como ontem é necessário que adultos e crianças busquem Deus, o Emanuel, Deus connosco.




