VI – Domingo da Páscoa
04-05-2024Vitae Informação | Edição 151
11-05-2024Outro dia, enviaram-me por e-mail a referência a alguém que se tinha tornado invisível. Tratava-se de uma senhora, como infelizmente há muitas nesta sociedade fria, desapiedada e brutal.
Mais ou menos, recordo que se tratava de uma senhora idosa, que vivia com um filho ou filha, que lhe tinham dado netos. À medida que o tempo foi passando, começou a sentir-se abandonada, desprezada, inclusive, por parte dos seus netos, de quem gostava tanto. À mesa, ninguém lhe prestava atenção. Era mais importante o que vinha daquela caixa mágica, a que chamamos TV.
Todos os dias, saíam de casa, cada um para o seu lado. Podiam fazer caso do cão, envolvê-lo com muitas festas, mas não havia sensibilidade bastante para se despedirem da velhinha, que dia após dia ficava só, como uma simples guardiã da casa.
O tempo foi-se passando. Para ela, os dias eram todos iguais: se ela existia, que se arranjasse. Um dia, alguém lá de casa sugeriu que todos fossem fazer um picnic. Que bela ideia: – havia já tanto tempo que ela estava prisioneira em casa, sem contacto com a natureza, próxima e distante das pessoas que a acompanhavam…
Aquele dia seria um dia de sol radiante, mais para o seu coração do que para os seus olhos. Mas, para seu espanto, quando na manhã do dia aprazado, depois de se arranjar, veio ao encontro do carro em que esperava ter lugar, verificou que já todos tinham saído. Não deram conta dela. Tornou-se invisível…
Se o coração, quando ama, busca as pessoas, quando tal não acontece elas tornam-se verdadeiramente invisíveis. Também é verdade que quando se ama torna-se realidade a pessoa amada. Igualmente verdade é dizer que quem ama aquece o mundo, quem não ama mata-o de frio. Quem ama dá a vida, quem não ama não só está morto mas gera a morte.
Esta velhinha, ainda que o corpo a mantivesse viva, já tinha morrido em consequência dos golpes de indiferença e de ingratidão, com que, há tanto tempo era maltratada. Quem não sabe que a ingratidão é uma das plantas mais abundantes neste mundo? Quantas punhadas não recebemos daqueles a quem mais amamos? É certo que, por vezes, o amor acaba por ser reconhecido, mas, normalmente, é tarde de mais.
- João dizia: “Sabemos que passamos da morte à vida, porque amamos os irmãos. Aquele que não ama permanece na morte e é homicida. Se acaso vê o seu irmão em necessidade e lhe fecha o coração, como permanecerá nele o amor de Deus? E sabemos que Ele permanece em nós pelo Espírito que nos faz dar a vida”.