
IV – Domingo da Páscoa
11-05-2025
Chamados à Esperança!
11-05-2025As palavras de Jesus, que hoje iremos ouvir, e pelas quais Ele se apresenta como o Bom Pastor que se bate pelas ovelhas, a ponto de dar a vida por elas, terão sido pronunciadas por altura de uma festa judaica muito importante – a da Dedicação do Templo, que em hebraico se diz “Hanukká”.
Por outro lado, também hoje se celebra o 62º Dia Mundial das Vocações, instituído por Paulo VI em 1964. Será fácil ver a ligação do Dia Mundial das Vocações com a festa do Bom Pastor, porque, realmente, o Senhor continua a chamar jovens e adultos a participarem do seu pastoreio, dando a vida por aqueles que lhe foram ou vão ser confiados. Para que surjam estas vocações será necessário que haja famílias e comunidades paroquiais que tornem possível um clima, um ambiente que permita o despertar e o acalentar destes chamamentos. Por isso, as vocações são um indicador seguro da vitalidade da fé e do amor de uma comunidade paroquial, como também o testemunho da saúde moral e espiritual das famílias cristãs, inseridas num mundo cada vez mais necessitado das mãos sacerdotais e das bocas que proclamem a palavra viva e recriadora de Deus. Cada vez se torna mais necessário que surjam vidas generosas que se imolem, que se apaguem enquanto fazem brilhar a luz que combata as trevas e indique caminhos a seguir.
Por isso, Jesus usou a imagem do Bom Pastor, aquando da festa da Dedicação ou das luzes. Em que consistia? Pelo livro dos Macabeus sabemos que, duzentos anos antes de Cristo, o povo judeu foi dominado pelas tropas pagãs de Epifânio Antíoco. Esta gente quis arrancar a alma do povo judeu, desviando-o da sua religião, da fidelidade a Javé. O cúmulo desta campanha foi quando colocaram uma imagem do chefe dos deuses gregos – Zeus – sobre o altar do Santo dos Santos, o lugar mais sagrado do templo.
Judas e os seus irmãos levantaram-se numa guerra incessante contra este regime blasfemo, e pela qual conseguiram recuperar o templo e purificá-lo. Em 164 a.C., instituíram a festa da dedicação do Templo, levantando e consagrando um novo altar no templo. Convém lembrar que, desde Salomão, havia no templo um candelabro de sete braços, correspondentes aos sete dias da semana para assim arder diante do Deus vivo.
Entretanto, quando chegaram ao templo, os irmãos Macabeus encontraram-no apagado. Em vez do candelabro aceso, apenas estava uma âmbula de azeite puro para acender. Apenas duraria um dia. Pois bem, o azeite daquela âmbula durou sete dias. Daí que, na festa da Dedicação se começou a acender um candelabro de oito braços.
Quer no templo quer nas portas das casas dos judeus, ao pôr-do-sol, e em cada dia da festa da Dedicação, devia acender-se apenas uma luz, que progressivamente aumentaria o seu brilho, à medida que os dias iam passando.
Ao contrario das luzes que se acendiam no dia de sábado e que alumiavam apenas o interior do santuário e de cada casa familiar, as luzes do candelabro, na festa da Dedicação, deviam ser vistas cá fora, alumiando o ambiente social, político, comercial e cultural.
Por outro lado, importa também lembrar que, o facto de na festa da Dedicação as luzes se acenderem uma em cada dia, isto significa que em tempos difíceis não basta acender apenas uma luz e mantê-la. É preciso aumentar cada vez mais a luz. Mais luz! Mais luz. Agora, também por aqui percebemos o contexto em que se fala das vocações. Que haja mais luzeiros que irradiem a luz!…