IV – Domingo do Advento
22-12-2024Mensagem de Natal – Pe. Orlando dos Santos
24-12-2024Muitas vezes se faz referência à Arca da Aliança. Mas julgo que poucos saberão o que é isso, razão porque vou abordar-vos este assunto.
A Arca era uma caixa rectangular, com 1.10mts de comprimento e 0.65mts de largura, feita em madeira de acácia. A parte superior era constituída por uma tampa, chamada kapporéth, que a Bíblia traduz por “Propiciatório”, em ouro maciço.
Nas extremidades do Propiciatório estavam colocados dois Querubins, de asas voltadas para o alto e protegendo, envolvendo o Propiciatório. Dos lados havia quatro anéis, onde se colocavam as barras de madeira para o transporte, à semelhança do que acontece com os nossos andores.
A Arca chamava-se da Aliança, porque Moisés pôs nela as “Tábuas da Lei”, com os dez mandamentos. Ex. 25,16 Construída no Sinai, a Arca acompanhou os Hebreus durante a travessia do deserto. Levada em procissão, e dando sete voltas à cidade de Jericó, assim se significou a presença e a assistência de Deus para conquistar aquela cidade, que é a mais, antiga do mundo. E assim ficou o caminho aberto para o povo de Israel possuir a terra dos seus antepassados.
Depois de os judeus se terem aproveitado da Arca como escudo ou fetiche para vencer todos os obstáculos, Deus permitiu que ela ficasse nas mãos dos filisteus. Restituída mais tarde, foi levada em solene procissão para Jerusalém, no tempo do rei David. Disso nos fala a liturgia de hoje.
O rei mandou colocá-la debaixo de uma tenda. O seu filho Salomão colocou-a no lugar mais sagrado do templo – “o santo dos santos” onde o sumo-sacerdote de cada ano oferecia o grande holocausto. Permaneceu aí até 586ac, quando a cidade e o templo de Jerusalém foram destruídos pelos babilónios. Uma lenda popular lembrava que o profeta Jeremias tinha escondido a Arca numa caverna do monte Nebo, e que teria anunciado que as pessoas haveriam de reencontrá-la no dia em que Deus realizasse a reunificação do seu povo. 2Mac. 2,1-8. I
Ao longo da história, Nossa Senhora foi sempre identificada como a verdadeira Arca da Aliança porque Ela é a verdadeira morada do Deus vivo. Como tal, Ela vai a Belém, onde “o Verbo se fez carne e habitou entre nós”. Também neste caso poderemos pensar na Arca que é transportada para a cidade de David. Jesus é levado e apresentado ao mundo, não no templo e pelos sacerdotes, mas numa manjedoura e por uma leiga – Maria.
Com a sua incarnação, Deus demonstra que não quer ser contido no edifício de pedra nem entre as muralhas da cidade, porque quer estar no meio do povo, assumindo o ritmo da sua vida. Maria a nova morada de Deus, depois de ter gerado Jesus para o mundo, fora do templo, vai à cidade do Templo para apresentar Jesus e oferecê-lo a Deus. Hoje, Ela continua a ser Aquela que, como Mãe, tem o Filho para no-lo dar.
Que ao contrário do que aconteceu com os proprietários dos estabelecimentos de Belém, sejamos capazes de O acolher para gozarmos e proclamarmos a Boa Nova do seu nascimento – hoje, Deus – o Emanuel está no nosso meio.