XIX – Domingo do Tempo Comum
11-08-2024XX – Domingo do Tempo Comum
16-08-2024Outro dia, fiquei admirado com o número muito reduzido de pessoas participantes numa celebração dominical. No fim, alguém que não é da paróquia, procurou-me para dizer: ” não leve a mal, mas impressionou-me uma assembleia tão reduzida…”. Hoje mesmo, fui a uma paróquia da cidade do Porto. Conversando com uma pessoa minha amiga, ela desabafou: “Ó senhor padre, as coisas vão tão mal. .. não sei por onde andam as pessoas. Há tão poucas pessoas nas missas dominicais… a igreja está cada vez mais vazia.”
Realmente, é isto o que está acontecer! Devo confessar-vos que, por várias razões, lamento que assim seja. Há uns anos atrás, perante circunstâncias menos gravosas, havia quem comentasse que tal se devia ao pastor, ora por isto ora por aquilo. Podem estar descansados, não vai deixar de se dizer, até porque tem de haver sempre um bode expiatório. Mas, infelizmente, a questão é outra e muito mais profunda.
Naturalmente, ficamos tristes com este sinal dos tempos, que tenderá a agravar-se ainda mais, inclusive, em consequência da atitude de muitos pais (olhando bem para eles, que outra coisa será de esperar?) cujo comportamento está muito longe de proporcionar aos filhos a devida e necessária educação da fé.
Tendo em conta o momento presente, interrogo-me a onde isto vai parar, qual será a situação que hoje está a ser preparada. Admito uma quebra, profunda, um desconfortável deserto, um lamentável vazio, que por sua vez se transformará num apelo para a fé. Ir a Jesus pelo deserto da vida também pode ser um caminho. Já o é – um caminho provocado pelo homem em que este, depois de muitas experiencias frustrantes, se põe em movimento para procurar o Pão da Vida.
O pródigo moveu-se para voltar ao pai. Nicodemos moveu-se para ir ter, com Jesus. Em todos os tempos aparecem “movimentos” que levem os homens a saciarem a sua fome.
Ao longo da história, a Igreja conheceu bons e maus momentos. Não faltaram crises, situações que provocassem angústia, mas também surgiram iniciativas, movimentos que permitiram redescobrir o caminho, uma maneira nova de reinventar e recriar a Igreja, que levarão sempre a encontrar em Jesus o Pão da Vida, pela sua palavra e pela sua presença eucarística.
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A mensagem da igreja é hoje em dia insignificante. As pessoas não se identificam mais com a história de poder, influência e riqueza que a igreja sempre buscou.
A perda de autoridade moral, a percepção de desconexão com as realidades modernas, o acesso ampliado à informação e educação, além dos escândalos e críticas enfrentados pela Igreja, têm contribuído para que ela seja vista como irrelevante para as realidades atuais por uma parte da sociedade.