Nosso Senhor Jesus Cristo Rei do Universo
23-11-2024Hoje, é Festa de Cristo Rei.
Ainda hoje, quando se fala de Igreja, ainda se pensa nos padres e nos bispos. E não é sem razão, porque durante muitos séculos, os leigos não tinham voz ativa na Igreja. A missão deles era dizer ámen a tudo o que a hierarquia dissesse e quisesse. A missão dos leigos consistia em executar o que vinha de cima, não só porque os membros da hierarquia tinham o saber mas também o poder de dominar a Igreja, a ponto de ela se identificar como uma elite hierarquizada.
Ora, o Vaticano II identificou a Igreja como sendo o Povo de Deus, cujos membros são iguais em dignidade, embora cada um tenha a sua função própria. Isto deu-nos uma outra perspectiva de Igreja pela qual se supera a fratura entre clero e laicado, entre ensinados e ensinantes, administradores e administrados, pondo em destaque a primazia, o protagonismo da comunidade cristã, a missão realizada pelos batizados, isto é, pelos pastores e pelos demais ministros, todos juntos e cada um pela sua parte.
A noção que o concílio nos deixou da Igreja foi a de que ela é uma comunhão de vida e de esforços, de alegrias e de esperanças compartilhadas pelos padres e pelos leigos, a participação de todos na missão da mesma Igreja, onde há ou deve haver complementaridade de funções e de ministérios.
Cada vez menos se poderá falar da comunidade de um padre, para se falar do padre que é desta ou daquela comunidade, como cabeça de um corpo de cujos membros se admite uma atitude ativa e corresponsável. Cada vez mais se tem de admitir que o protagonismo não seja o de uma pessoa na comunidade cristã mas o da própria comunidade.
Cada vez mais o padre não poderá ser “o faz tudo”, mas o que incentiva a fazer, o que coordena como sinal e instrumento de comunhão e unidade.
Cada vez mais o governo de uma comunidade cristã não poderá ser o de uma pessoa, mas, salvaguardando sempre o poder de decisão do que a ela preside, o de um colégio de pessoas corresponsáveis.
Vendo que já acabou o regime de um padre para cada comunidade, verificando que cada vez há menos padres e vocações, pergunta-se: será que as nossas comunidades vão entrar em colapso? Não! Dos leigos é de esperar outra participação e outra corresponsabilidade. Nesse sentido devem funcionar os Conselhos Pastorais, de cujos membros o padre deverá encontrar um conselho sensato, que o ajude na sua decisão.