
Solenidade de S. Pedro e S. Paulo
29-06-2025
XIV – Domingo do Tempo Comum
07-07-2025Sendo hoje dia 29 de Junho, a liturgia da Igreja leva-nos a falar destas grandes colunas da Igreja nascente, que são S. Pedro e S. Paulo, do seu papel na tarefa da evangelização e, particularmente, da missão de Pedro, a quem Jesus confiou os destinos da Igreja, dizendo: “Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja”.
Naturalmente, o papel de Pedro prolonga-se na função dos seus sucessores, mais concretamente, no “Bispo de Roma”, a quem compete “apascentar as ovelhas e confirmar os irmãos na fé”.
Durante os primeiros mil anos, esta função do “Bispo de Roma” não foi posta em causa, muito embora diferentemente interpretada no Oriente e no Ocidente. O problema surgiu depois por culpa dos chamados “cismáticos” (os que quebram unidade) até porque o poder do “Bispo de Roma” nem sempre foi condignamente exercido. Houve muitos abusos, muitos desvios que favoreceram a revolta, a desunião, nomeadamente, entre católicos e protestantes. O Papa S. João Paulo II chegou ao ponto de reconhecer e afirmar que estava disposto a rever o modo de se exercer o primado do Papa para alcançar a concórdia e a união entre os cristãos.
Porque a Igreja é feita de homens, e neste mundo dirigida por homens, são de admitir formas menos correctas no governo da mesma. Entretanto, importa reconhecer que a autoridade suprema que o Papa incarna na Igreja, em vez de inconveniente é uma graça, que contrasta com o poder esfrangalhado e sem referências, que vemos nas Igrejas irmãs. Será possível admitirmos que, um dia, as diversas Igrejas se unam e constituam o “Bispo de Roma” como único pastor?
Neste mundo a unidade nunca será perfeita, nunca será atingida, mas podemos e devemos tender para ela através do caminho indispensável, que é a reconciliação. Este esforço não é para realizar apenas entre Igrejas, mas dentro de cada uma delas, tantas vezes dilaceradas por divisões, conflitos, discórdias entre os seus membros, que por isso, estão bem longe de se apresentarem como uma família que vive em paz.
Numa família natural não só se admite o divórcio jurídico, como também o divórcio do coração, quando os casados não se amam, não se respeitam e se agridem mutuamente. Estes casos são muito mais numerosos.
Na Igreja acontece o mesmo. Embora tenhamos a lamentar a divisão entre cristãos, é muito mais frequente aquela que, por exemplo, acontece nas nossas comunidades por razões mesquinhas que nos envergonham, ou então, quando uma pessoa baptizada olha para a Igreja com distanciamento, com desprezo, apontando a dedo as suas fraquezas, como que dando a entender que não lhe pertence ou quer desviar-se dela. Quantos não são os que, no dia-a-dia, em vez de dizerem: “a minha Igreja” ou “a minha paróquia”, falam da Igreja, da paróquia como se a primeira fossem os bispos e os padres e esta fosse apenas o abade?!
Não é possível ser-se cristão, crente em Jesus Cristo sem a Igreja, sem viver nela e estar com ela. Renegar a Igreja é rejeitar a mãe que nos gerou pelo baptismo. Criticar a Igreja é criticar-se a si mesmo.
As figuras e o testemunho de S. Pedro e S. Paulo lembram-nos a atitude natural de amarmos a Igreja chamando-lhe a “minha Igreja” à semelhança de Jesus que disse: “Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja.” Ele nunca teve vergonha nem medo de falar dela, assim.